quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Começo + Meio + Fim = Fumaça


Eram sete e meia da manhã quando despertei de um sono muito pesado, tão pesado quanto uma placa de conreto de uma tonelada, que como se estivesse em cima de minhas costas, não me permitiu nem sonhar.


Dia raro nessa época do ano aqui por essas bandas. O sol brilhou estonteantemente e embriagou meus olhos ao tocá-los.


Acordei com um pensamento firme: Hoje minha vida muda. Olhei o céu novamente e havia poucas nuvens, mais parecia que alguém flutuava pelos ares fumando um grande cigarro ou que algum avião , correndo sérios riscos de cair, rasgara o horizonte tossindo fumaça de seu motor arruinado. Apesar de minha motivação inicial, pensei logo comigo: O dia começou em fumaça.


Ainda sonolento me encaminhei ao banheiro com intenção de banhar-me, no meio do caminho ouvi na tv uma notícia sobre uma familia que vinha sendo mantida como refém por dois homens. É estranho como as pessoas tem a capacidade de serem tão más com seus semelhantes.


Banhei-me, ou melhor, fui cortado por lâminas de água tão frias que me despertaram como se eu fosse um simples aparelho eletrônico com um botão de LIGA/DESLIGA.


Tomado banho, cheiroso, parti para cumprir o primeiro passo desse novo dia em minha vida; fui ao posto médico, onde me receitei contra uma falta de ar que vem me assolando a alguns dias. Tenho a impressão de que as mulheres que trabalham na recepção do posto cometeram algum crime e como pena foram forçadas a receber os enfermos, porque suas caras esquálidas de defunto e a frieza com que tratam as pessias dão a entender que ali encontrarão a morte e não a saúde. Apesar dos pesares voltei pra casa medicado e me sentindo muito melhor.


Respirando bem melhor, cheguei em casa e tomei outro banho. Agora pretendia ir até o centro comercial para entregar alguns curriculos e conferir uns cursos.


A preguiça sempre foi um problema sério pra mim, mas minha determinação hoje estava diferente. Me aprontei pra sair novamente, passei perfume, vesti uma calça nova, uma camisa leve por causa do calor que fazia aquela hora e...desisti. Não por preguiça, mas me faltava dinheiro pro transporte. Frustrado e chateado, fui ver Televisão, coisa que faço impulsivamente todos os dias, em um jornaç qualquer continuavam a falar sobre a familia sequestrada. Terrível.


Coçando a barriga, como um bom ocioso, imaginei logo que poderia tornar diferente aquele dia e fui embusca de algo para fazer. Novamente frustrei-me com minha incapacidade de resistir ao canto desta sereia feiticeira chamada preguiça. Dormi um sono incessante até o meio da tarde. Quando despertei, xinguei-me com os piores palavrões que conheço. Estúpido foi um deles.


É noite e estou na varanda lendo, na sala, a tv ligada em algum jornal continua a mostrar a familia, agora livre, que fora seuqestrada; ao lado a vela paga a promessa feita por minha vó, chora lágrimas de cera e, como está se apagando, cospe no ar uma fina camada de fumaça. Pensei novamente comigo: o dia também termina em fumaça.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008


"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázioOu flecha de cravos que propagam fogo;Te amo como se amam certas coisas obscuras,Secretamente, entre a sombra e a alma.Te amo como a planta que não floresce eLeva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.E graças a teu amor, vive oculto em meuCorpo o apertado aroma que ascende da terra.Te amo sem saber como, nem quando, nem ondeTe amo diretamente sem problemas nem orgulho;Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha,Tão perto que se fecham teus olhos comMeu sonho..."