terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema rapidamente pessoal

Vou falando rápido
Para poupar palavras.
Sem usar aspas ou travas.
Não sei do tempo, só da
Vida. Pra falar a verdade
Dessa só quero que não seja
Comprida.
Sonho todo dia com um
Dia diferente. Quando acordo
A única coisa que vejo: adivinhe?!
Ela à minha frente.
Já clamei por ti como deusa
E desabafei sobre meu pedaço
De você; dormi no seu cabelo
E respirei o meu desejo. Mas
Vamos pular o coração e falar
De fígado. Pois, esse está pedindo
Uma canção.
Castigado companheiro, cálice fiel
De alegrias, seu destino é a doença
Induzida e a enfermaria.

Marcos Diego Correia 28/12/08

sábado, 28 de agosto de 2010

Acordar

Chegam as sombras ao cais de meu amor.
Tudo nublado a escorrer minhas emoções,
Tão distintas de tudo.
Ontem eu sabia que num vaso de flores havia um perfume,
Ontem eu busquei minhas cores e as pus em seus devidos lugares
Ontem eu nem sabia que estava sob as sombras, em meu cais.

Onde tudo foi parar, não é digno de ciência humana.
Houve zunidos infinitos onde os montes se calam.
Uma fúria temerosa e horrores indizíveis
Já sabiam eles que os ventos sempre mudam seus rumos
Sempre abalam pilastras mal fincadas na terra.

E onde eu quero chegar não há vielas para me guiar
No sonho não havia paixão, cores ou mesmo perfume
Só me restavam o vislumbre do que eu não alcançaria nunca.

Meu desejo se tornou forte e a dor me fez ruir.
Foram-se os aromas e os lírios,
Os rios e seus caudalosos braços sem fim,
Meus pés surgiram e eu nunca mais dormi novamente.

E não só as flores sumiram
As lágrimas secaram junto com toda a dor!!

domingo, 8 de agosto de 2010

Nosso caminho é assim

Diversos olhares focam um só destino, planejam o mesmo caminho e buscam apenas isso.
Cegamente!
Há uma vida diferente lá fora e ela não espera que ninguém a siga.
Anda de mãos dadas com o tempo e não tem tempo para esperar por quem quer que seja.

Árvores a passar, desfocadas.
Nos olhos a lágrima perdida;
Nossas pernas, que se cansam mas não se rendem, continuam a nos levar por aí.

Um temor incompreensível de passagem pelo coração.
Que sofre, e clama por angústia.

Nosso amor que não quer companhia.
Nosso amor, apenas nosso.
Nosso amor próprio.

O mesmo que nos encaminhará para o nosso caminho.
Que pode não ser o mais comum,
Mas será só nosso
Nosso caminho próprio.

Marcos Diego Correia

domingo, 25 de julho de 2010

Como se fazer um poema

Um poema tem dois esquemas:
Um deles é arcar com os perigos de um coração mole como açúcar no mamão
O outro tende a ser mais complicado
Força o poeta a brincar com fogo
Atiça o desejo e o medo do fracasso
Brinda o silêncio e a escuridão
Faz dos outros, chacota barata
Ativa o desespero mais intímo do ser

Olhar a si mesmo através da solidão
É trabalho para Hércules sem coração
Ser só não é sofrimento
É desafio do mestre de si mesmo!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Eu vejo assim...

...E ainda me perguntam sobre solidão quando ninguém quer amar a si mesmo;
Me perguntam sobre o desespero, quando milhões partem sem deixar vestígios de si mesmos;
Me trazem sorrisos e eu devolvo injúrias e palavões perversos;

Onde me dizem sobre dor, eu explico a arte de se apaixonar;

Querem me traduzir o que é a vida, quando eles mesmos não sabem o sabor dos ventos e o brilho das tarde em frente ao mar;

Me agradeceram quando eu vos fui sarcástico. Eu só queria me livrar deles, e assim mesmo, amam-me!

Eu tenho dó de mim mesmo quando os acompanho na vida.

A diferença na massa é vista como doença. É encarada com estranheza, mas é nela que a massa se reconhece em determinado momento.

O escárnio de muitos, é o retrato de sua própria natureza.

Onde está o sentido de querer estar só? Simples, não querer ninguém por perto é agradar-se consigo mesmo.É querer fazer de tua própria companhia a melhor que há!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Não sei dar nome a sentimentos

Eu odeio o mundo moderno!
Não me entenda mal, por favor.
Não sou idoso e mal vivi minha vida
Mas do alto de minha pouca idade e breve conhecimento do mundo
Eu acredito fielmente que em tempos anteriores
O ser humano não foi tão inútil e idiota.

Todos os dias nós acordamos e pomos na cabeça
A afirmação que somos algo que não somos:

Sou pintor, e hoje farei meu trabalho
Sou cantor e hoje farei meu trabalho
Sou jornalista e hoje farei meu trabalho
Sou advogado e hoje farei meu trabalho
Sou médico e hoje farei meu trabalho...

Eu sou o nada.
Delimito-me justamente onde começa o infinito e não pretendo ir muito mais adiante!

Eu vejo pessoas fazendo coisas que não queriam fazer
Em lugares que não deveriam e não queriam estar.

Eu me sinto bem à vontade quanto ao lugar onde estou
Não pretendo nada, aliás, está aí o problema de tudo
Pretender!

A pretensão é a inimiga número um da paz de espírito
Somos todos inquietos quando pretendemos algo
Ninguém nunca está satisfeito com o que tem
Se sempre pretende algo

Eu ouço todos os dias as pretensões de pessoas que não podem pretender
Mas dão suas vidas por sempre quererem mais e mais e mais e mais...

Não me entenda mal, meu desprezo não é para todos, só para os que dizem ser algo, mas na verdade não são nada!
Cá estou eu, consciente de onde estou e de onde vou.
Lugar algum é muito melhor do que ilusão!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Poesia para cantar

Achada no ar, como melodia.
Lançada ao vento como praga.
Destinada aos lamentos do coração
e às criações da ilusão.

Chorada feito lágrima,
escorre como mel
que não se sente, e desata
os nós da alma.

Poesia para cantar:
Sifra-se a emoção;
Cria-se a melodia do desejo;
Entre notas e timbres da paixão
eis a sinfonia do que é amar.


Marcos Diego Correia (01/05/2010)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conselho descompromissado

Se você vai fazer algo, faça bem feito!
Não tente em vão.
Calcule seus passos e meça suas atitudes.
Seja frio!
Aqueles, com olhos grandes dirão que foram pisados e humilhados por você,
mas você estará no céu, entre as estrelas. Seu brilho será maior e ofuscará os olhos
dos que não te querem bem.
Se você vai fazer algo, faça bem feito!
Nunca hesite!
Não há segunda chance para fracassados.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Todo pedreiro deveria ser ateu

Há mais ou menos uma semana atrás, contratei um pedreiro:

- É o seguinte meu querido: as paredes estão caindo e o telhado está vazando. Quero que você dê um jeito nisso pra mim.
- Dou sim meu patrão. O serviço vai ficar em R$ 350,00.
- Porra! isso tudo, cara?
- Tenho que pagar meu ajudante.
-Ele deveria ter um coração caridoso e fazer o serviço pelo simples sentimento de querer ajudar o próximo. Onde estão os bons costumes nessa vida?!

Ele me deu uma lista com todo o material que deveria comprar; pouca coisa, alguns sacos de cimento, areia e um produto que, segundo ele daria firmeza ao cimento na parede. “Pode confiar meu chefe, é seguro, dou garantia de dez anos para o meu serviço.”

Tudo acertado, me preparei para reforma, sabia que seriam dias desgastantes. Ele me pediu pelo menos dez dias e tudo estaria terminado.

Segunda-feira sete horas da manhã, de ressaca e com olhos de japonês, fui atendê-lo no portão. Nem reconheci a figura:

- Pois não, amigo, o que quer essa hora da manhã?
-Oh! Meu patrão, vim trabalhar.
-Ah! Sim, havia esquecido de você.

Abri o portão e logo ele começou o quebra-quebra dos infernos. Como não conseguia dormir, levantei e fui acompanhar o serviço do infeliz. Ele já não me agradou muito, pois mais parecia um narrador esportivo de rádio. Puta cara chato! O sacana não parava de criticar o pedreiro que havia feito a reforma anterior na minha casa:

- Essa parede tá mais mal feita do que a cara desse safado. Repare que coisa feia! Uma pessoa que faz um serviço desses na casa dos outros não merece o respeito de ninguém.

- Pois é, respondi sonâmbulo.

- Pode deixar meu chefe, isso aqui vai ficar uma maravilha, batendo no peito com muito orgulho ele ainda afirmou, “eu sou diferente dos outros. Eu trabalho com amor!”

Acho que sonhei essa ultima frase, não me recordo se isso foi real mesmo ou apenas um devaneio de um bêbado caindo de sono. Enfim o trabalho começou a andar. Suas críticas ao pobre que não estava presente continuaram: “o safado fez tudo errado, mas eu não, eu sou diferente. Meu trabalho é feito com amor”.

O prazo estipulado no ínicio acabou, mas a obra ainda não havia terminado. Certo dia, quando seu ajudante já não vinha mais, ele teve que quebrar uma parede bem grande nos fundos da casa. Começou logo pela manhã e ao meio dia, debaixo de um sol terrível, ele martelou-a sem parar. Depois do esforço matutino, a luta contra a parede continuou pela tarde com o infeliz se esforçando em dobro. Segundo ele, se não acabasse essa parte naquele mesmo dia, iria atrasar um outro compromisso que já havia confirmado pra dali a dois dias. E a martelada continuava. Seus braços subiam e desciam como num balé visto a distância. Mas que serviço árduo! Eu me cansava só de assistir a esse balé de esforços monstruosos. O que um ser humano não é capaz de fazer para manter sua família!

No caso dele, era bem grande. Quatro filhos seus e mais um enteado de sua segunda esposa. “A meninada lá em casa é um terror, patrão. Comem muito, se eu não trabalhar em dobro, não dá pra alimentar esse povo todo.” Casou-se cedo, o desgraçado, com dezesseis anos já era pai, e viu-se obrigado a colocar a cara no mundo para ganhar sua vida e garantir o leite do bebê que estava por vir.

Seu maior desejo era ser jogador de futebol, fez testes em alguns clubes, mas não obteve sucesso; foi parar numa banda de forró como dançarino. “Eu via mulher nua todo dia, mas só os cantores se divertiam”. Passou dois anos como dançarino dessa banda, mas depois se cansou e voltou para sua terra natal. Jovens e mais jovens perdem suas esperanças de uma vida melhor, com muitos bens materiais e sucesso profissional, por causa da imprudência na cama. Isso acabou se tornando comum no país que disseram ser “a maravilha do futuro”.

Ao fim da tarde, o coitado já vinha pelo fim da parede, minha idéia sobre ele já havia mudado há tempos; passei a admirá-lo por sua garra e força de vontade, mas seus comentários, ou melhor, sua boca sem controle, continuavam a me deixar zonzo e com ânsia de vômito. Fui até a cozinha e preparei um café. Sentei na mesa e pensei comigo como eu tinha uma vida confortável: jovem, não tinha filhos, livre para namorar com quem eu quisesse( desde que ela também me quisesse) não trabalhava, mas dinheiro não me faltava. Minha vida era ótima, mas aquele cara me deixou perplexo com seu esforço descomunal diário. Ele só dependia de si mesmo e muitos dependiam dele, ele era um grande homem, alguém a ser admirado por todos, inclusive por mim, um Hércules moderno, um herói em termos atuais e sem medo como os antigos eu queria ser ele, eu...

Ploft!!!!

-Ah! Graças a Deus eu terminei.

Filho da puta!

Marcos Diego Correia

quarta-feira, 24 de março de 2010

Eu, o guia dos desgraçados

Eu, tenho uma bomba em mãos
Mas não pretendo morrer sozinho
Ponho aqui a disposição
Para todos que pretendem
Seguir o meu caminho
Colocar-se diante do destino
Pronto para dar fim a este desatino.
Enfrentar sem lamúrias as atrocidades
Haverá de ser nosso compromisso
Desajuizados que somos
Não lamentarão, por fim, nosso sumiço.

Se arrependimento existe no coração
Aos olhos transmitirá seu temor
Como diabo que foge da cruz
Partirás, enfim, por caminhos que não sejam os nossos
Pois, só nós, desgraçados que somos,
Temos o direito de enxergar a luz.

Marcos Diego Correia

domingo, 21 de março de 2010

Antes desta infinita bruma que acolhe nossa cama

Só havia o suor de nossos corpos entrelaçados

Unicamente eterno e inviolável instante de nós dois.

Não me tenhas mal.

Onde outrora fora à casa de minha paz

Hoje me vem as chamas e o fulgor de tua inconstância.

Não facilite o caminho de meu esquecimento!

Páginas e páginas reviradas e a palavras que não falam nada

Versos e versos em estrofes construídas em lágrimas

Cantarei a minha saudade e mergulharei na vida

Com meus olhos e coração, fechados para balanço.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Não Eu

Em mim, consciente das batalhas,
meu Eu perambula por labirintos confusos.
Desvendando mistérios, encontra-se
com o ser que não há.

De onde vem a natureza de não ser,
se a existência não se apresenta para haver?