domingo, 30 de novembro de 2008

JEITO DE POETA

Servir de garçom não condiz com a realidade de quem quer viver com arte. Mas poetas não são garçons? Sim, são mesmo. Servem a quem pode ler, o prazer de sonhar em cores o que só ele pode ver. Diz aos cegos onde pisar num caminho sem chão; não canta para os surdos palavras sem acento e nem mesmo palavrão, correm de trás para frente sem olhar para os lados lendo, re-lendo e cuspindo recados.

Fitam o horizonte vertical com a calma de jacaré boiador, que de malgrado ataca sua presa no silêncio e sem dor. Vasculha as profundezas do espírito com aspirador de sentimentos e curiosidade de cientista mal-amado. Opera ditados como quem faz churrasco, quando ta chegando o ponto grita logo: “tira da brasa que ta assado”.

Ri das desgraças dos pobres de sentimentos porque esses não sabem admitir nada, e no lugar do coração tem um tijolo de cerâmica fria e desalmada. Raçinha sem dó essa dos poetas, acham sempre que são sinceros, mas Pessoa já avisara descontente: “Fingem tão completamente, que chegam a fingir que é dor a dor que deveras sentem.”

2 comentários:

Unknown disse...

adorei!xD

Aécio Mota disse...

Ae Júnior,agora só falta lançar um livro hein!
Continua ae brother, vc tem talento!