segunda-feira, 27 de junho de 2011

Palavras despretensiosas

Uma das coisas que eu mais queria na vida
Era perder a minha pretensão!

Eu queria ... Eu queria...
Eu queria...

Porque não me bastam simples desejos?
Andar na rua e não querer nada mais além disso
Buscar simplesmente meu básico modo de viver
E não querer nada mais além disso

Percebo, a cada passo dado, que os desejos são oferecidos.
O meu por exemplo não recordo de um nascimento espontâneo.

O segredo é cegar-se!

Lembro da minha vontade em ter o mundo nas mãos
Lembro também de quando descobri que não haveria tanta felicidade na vida.
Sequer obtive ainda o certificado de posse do nariz e já não pretendo tê-lo.

O mundo é belo, feios são os desejos que destroem tudo que nasceu por nascer!
Certo dia ainda irei, apenas, contar as gotas de chuva que batem na minha janela
Chorarei com a cabeça encostada ao vidro, enquanto o ônibus cruza a cidade

Mas nunca, nunca mesmo, esquecerei a dignidade da minha conformidade recém nascida.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma Canção para Rosemay

Só não sei por onde começar um consolo em um coração que está sofrendo. Algum gigante da vida certa vez me disse que um homem encontra num coração feminino apaixonado seu mais perfeito campo de batalha. Uma folha em branco é para um poeta como um prato de comida é para um esfomeado mas uma folha toda rabiscada é o meio por onde percorrem os grandes! Foi assim que senti o fraco tilintar dos batimentos de minha querida Rosemay. Poderia ser uma fatalidade pessoal mas é um mal comum e o mais terrível de todos, incurável, intratável e insuperável... Rosemay leva um brilho diferente consigo e não abre mão de encantar a todos com ele: Aquele maldito sorriso há de amaldiçoar muitos corações certo dia! Convenhamos que não posso tê-lo pra mim, contento-me em apreciá-lo em ação e parto ao ataque com piadas delirantes e historinhas desconexas da sensatez. Ela adora, e me pede mais, eu não sou tão cruel e nem tenho tamanha força para resistir ao seu pedido e acabo por me travestir em um belo clone de Woody Allen, onde ponho em prática toda minha ironia e sarcasmo a favor do prazer ver e ouvir o maldito sorriso. Você não entende como eu sofro, e a minha decisão não vai ser aceita por muitos. Rosemay teima em não ser feliz por si só e quer sempre aceitação. Mal sabe ela que nós outros é que buscamos sua atenção. Rosemay me diz que ama Augusto Cury eu lhe conto que quando preciso de ajuda, vou na fonte do velho safado e bebo uma dose de whisky, cultivo as melhores uvas e produzo meu próprio vinho com apenas cinco reais no bolso. Rosemay, seu coração está partido, mas ainda existe. Não nos prive de senti-lo batendo ferozmente. A vida é ruim mas há sempre uma manhã de domingo em que a ressaca nos consome e nos lembra que estamos vivos a querer expelir vermes e biles, amores e paixonites, canções e poesias. Viu, eu posso ser melhor que Augusto Cury!

Sorria Rosemay.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Um brinde a percepção humana!

Um barulho ininterrupto me fez acordar muito assustado em plena manhã de quarta-feira. Puto da vida vou aceitando as imagens que vão aparecendo foscamente aos meus olhos, minha irmã parada a porta do meu quarto esperneando para ir-mos fazer compras. Droga. Odeio ser interrompido naquilo que faço melhor: Dormir! Acordei chateado, com uma tromba bem maior que a minha ressaca, que aliás, esta infernal. Tomei coragem e meti o dedo na garganta, foi a primeira visita do dia ao banheiro.Banho.Dentes.Café? Sem condições...

E lá vamos nós enfrentar mais uma maratona de compras, sol infernal, ônibus desgraçadamente cheio. Merda, o que falta pra melhorar meu dia? Nada, ou seja, muita coisa. Fomos direto ao supermercado e eu peguei o carrinho. Assim que entramos outra ânsia de vomito me ataca abruptamente, corri até o banheiro e me joguei aos pés do sanitário. Você está bem? Pareço? Um grande cagão me faz uma pergunta bem na hora que estou vomitando. Incrível a percepção desse ser humano.Enfim, prossegui com minha tortura matinal. Fazer compras não é meu passatempo favorito, ainda mais quando estou de ressaca, por falar nisso, a noite anterior foi corrida!!!

A espera na fila do caixa nunca é boa, as operadoras em, algum ponto de seu inconsciente, acham que são funcionárias públicas e adotam aquela carinha amarrada de caramujo sofrido e trabalham na mais perfeita vagareza do mundo. Em toda a sua grandeza e aptidão intelectual a linda operadora me faz o favor de registrar duas vezes o mesmo produto. Opa, está errado minha senhora, só estou levando um desses e a senhora registrou duas vezes. Mas e não são dois não? Claro que não, há mais algum a vista? É que eu pensei que "era" dois. Pensou errado, meu bem! De oito a 10 minutos de espera até aparecer outra funcionária, com cara de caramujo sofrido, para desfazer o registro errado. Não era meu dia de sorte.

A essa hora eu já estava me sentindo bem melhor, até comi algo pra forrar a barriga vazia. Pagamos as compras e e fomos pegar o táxi. Avenidas ruins, muito balanço e um retorno no elevado me fizeram enjoar novamente, suava frio dentro do carro com ar condicionado fortíssimo. Lá fora o sol ardia mas algumas nuvens despontavam no horizonte. A notícia que haveria um eclipse lunar veio pelo rádio e marquei o horário na minha agenda mental. Após uma curta viagem o táxi estaciona em frente a minha casa, abro a porta e blaarrrghhhh... Mais um bode expulso, outro fantasma exorcizado ali mesmo, na porta de casa. O senhor está bem? Pareço? Taxista super prestativo e caridoso. Pus as compras na cozinha e caí na cama. Dormi o sono dos deuses, apaguei e só abri os olhos no fim da tarde, bem na hora que começaria o eclipse. Escovei os dentes e fui até a esquina de casa olhando pro céu em busca da lua. Olha, a lua tá bem escura. É um eclipse minha senhora. Ahh! Pensei que fosse uma nuvem de chuva na frente da coitada. Incrível a percepção do ser humano!

domingo, 12 de junho de 2011

Enredo para uma tragédia

Foi num desses imundos e aconchegantes botecos gelados que ela apareceu.Carnuda(desproporcional, sim, uma delícia) como tantas outras que existem por aí, seios pequenos e pernas fortes. Seu rosto não era nada especial, o que não significa muito; uma beleza não precisa ser especial para ser admirada.Não fui arrebatado naquele momento e sei que não queria sê-lo mas algo me chamou atenção nesta ferina jóia do norte de aracaju: Ela sorria tímidamente e isso sempre me levou ao delírio. Mas convenhamos que alguma coisa muito estranha acontece comigo e com toda essa loucura de amor.É que ele simplesmente não me domina, não mostra um sentido racional e talvez por isso eu o afaste.

Lá estava este pobre enfermo em pleno gozo visual de um sorriso tímido.Um sorriso de Capitú.Tão ressacado quanto seus olhos.Devorador de almas, sugador de sentimentos alheios.Um egoísta!

O infeliz garçom teimava em trocar minha cerveja mesmo que eu ainda não tivesse terminado a que estava na mesa. Além de não ouví-lo, Rachmaninov reinava brilhantemente com suas melodias doces em meus tímpanos, não consegui tirar os olhos daqueles malditos dentes delineados nas mais remotas masmorras de Mordor. A pior das maldições de Sauron.Agonizando em esplendor, fui até o balcão e solicitei educadamente, manda ver uma porra duma dose aí irmão, aquele maldito rum era o que faltava.Seus olhos são como um redemoinho, linda. Obrigada, e lá vem o desgraçado sorriso.Quem ela pensa que é manipulando a todos com essa magia branca?Sou Sergio, e estou disposto a rastejar na merda pra saber seu nome. Era o nome da rainha de Caymi: Dora. Sugou meu sentimento e roubou minha alma.Bebeu toda minha cerveja e adornou o ventre de minha cama.Quando não mais fui o suficiente, mostrou o terror que é poder não dar valor.Foi-se e só me deixou o vestígio de sua passagem numa marca de batom no espelho do banheiro.

É claro que quebrei o espelho em mil pedacinhos e guardei o pedaço com a marca de batom na carteira. Nunca se sabe o que podemos conseguir trocando um amor por uma boa garrafa de Rum barato!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema rapidamente pessoal

Vou falando rápido
Para poupar palavras.
Sem usar aspas ou travas.
Não sei do tempo, só da
Vida. Pra falar a verdade
Dessa só quero que não seja
Comprida.
Sonho todo dia com um
Dia diferente. Quando acordo
A única coisa que vejo: adivinhe?!
Ela à minha frente.
Já clamei por ti como deusa
E desabafei sobre meu pedaço
De você; dormi no seu cabelo
E respirei o meu desejo. Mas
Vamos pular o coração e falar
De fígado. Pois, esse está pedindo
Uma canção.
Castigado companheiro, cálice fiel
De alegrias, seu destino é a doença
Induzida e a enfermaria.

Marcos Diego Correia 28/12/08

sábado, 28 de agosto de 2010

Acordar

Chegam as sombras ao cais de meu amor.
Tudo nublado a escorrer minhas emoções,
Tão distintas de tudo.
Ontem eu sabia que num vaso de flores havia um perfume,
Ontem eu busquei minhas cores e as pus em seus devidos lugares
Ontem eu nem sabia que estava sob as sombras, em meu cais.

Onde tudo foi parar, não é digno de ciência humana.
Houve zunidos infinitos onde os montes se calam.
Uma fúria temerosa e horrores indizíveis
Já sabiam eles que os ventos sempre mudam seus rumos
Sempre abalam pilastras mal fincadas na terra.

E onde eu quero chegar não há vielas para me guiar
No sonho não havia paixão, cores ou mesmo perfume
Só me restavam o vislumbre do que eu não alcançaria nunca.

Meu desejo se tornou forte e a dor me fez ruir.
Foram-se os aromas e os lírios,
Os rios e seus caudalosos braços sem fim,
Meus pés surgiram e eu nunca mais dormi novamente.

E não só as flores sumiram
As lágrimas secaram junto com toda a dor!!

domingo, 8 de agosto de 2010

Nosso caminho é assim

Diversos olhares focam um só destino, planejam o mesmo caminho e buscam apenas isso.
Cegamente!
Há uma vida diferente lá fora e ela não espera que ninguém a siga.
Anda de mãos dadas com o tempo e não tem tempo para esperar por quem quer que seja.

Árvores a passar, desfocadas.
Nos olhos a lágrima perdida;
Nossas pernas, que se cansam mas não se rendem, continuam a nos levar por aí.

Um temor incompreensível de passagem pelo coração.
Que sofre, e clama por angústia.

Nosso amor que não quer companhia.
Nosso amor, apenas nosso.
Nosso amor próprio.

O mesmo que nos encaminhará para o nosso caminho.
Que pode não ser o mais comum,
Mas será só nosso
Nosso caminho próprio.

Marcos Diego Correia