segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

“Cegas dores em teus braços descansam..."


Onde olhos meus te acalentam,
Cegas dores em teus braços descansam.
Hediondas – grosseiras vozes da loucura
Na profunda melancolia te afundas.

Então o Calígula, em mim, assombra
E derrama em teu corpo de pele branda
A comida da mente que levanta
O deserto, a morte, as areias
Dos meus olhos que te cegam.

As loucuras - desfeitas faces da espera,
Por todas as noites, nas vozes, nos gritos,
Na fera consumindo a risos
O largo dorso da profana.

E meu peito devastado
Sobre o pequeno pulso dilatado,
Jorra o impuro sangue de princesa -
O louco sabor do pecado.


(Ismael Júnior, 20/06/05).
A natureza solitária

A solidão ainda lembra-me a natureza
Das coisas belas e únicas que sustentam
O movimento de um cérebro perdido de clareza.
Mas que encanta um pequeno mundo. E custam...
Custam a conhecer essa beleza tão clara,
Que no tempo mostra-se profundo, mesmo sem idade.

Passa o curto tempo de sua existência a procura
De uma humanidade tão às escuras para o que ele prescinde.
E ao mesmo tempo tenho os dias...
E vão passando sem ressentimento...
E quando se mostra loucura, a vida muda...

Ou muda-se a vida daquele que a procura,
Mesmo sem saber que a loucura paira.
Enxergo apenas as minhas calças rasgadas,
Minhas meias furadas, meus joelhos estremecidos
E um par de olhos dourados chorando por ternura.

(Ismael Júnior 08/04/2008).

sábado, 6 de dezembro de 2008

MEU VOCÊ

És em mim, uma dor
És pra mim, destino.
De mim tirou o sonho e deu aos cães para lambuzarem-se de humor.

Meu bebê, minha criança!
Rirá de ti o profundo ódio que acalma meu coração que,
Cheio de paixão, enforca tua imagem assim assim...Meio que sem dar bola.

Minhas lágrimas tem o sabor do seu corpo
E do carinho de seu beijo.

Meu bebê, minha criança, meu pecado!

Sinceridade?!... Eu mesmo te odeio.
Ainda assim te quero, com meu ódio, inquieto, inabalável, inacabável...
Dele veio meu querer, meu prazer, meu você.

Marcos Diego Correia

domingo, 30 de novembro de 2008

JEITO DE POETA

Servir de garçom não condiz com a realidade de quem quer viver com arte. Mas poetas não são garçons? Sim, são mesmo. Servem a quem pode ler, o prazer de sonhar em cores o que só ele pode ver. Diz aos cegos onde pisar num caminho sem chão; não canta para os surdos palavras sem acento e nem mesmo palavrão, correm de trás para frente sem olhar para os lados lendo, re-lendo e cuspindo recados.

Fitam o horizonte vertical com a calma de jacaré boiador, que de malgrado ataca sua presa no silêncio e sem dor. Vasculha as profundezas do espírito com aspirador de sentimentos e curiosidade de cientista mal-amado. Opera ditados como quem faz churrasco, quando ta chegando o ponto grita logo: “tira da brasa que ta assado”.

Ri das desgraças dos pobres de sentimentos porque esses não sabem admitir nada, e no lugar do coração tem um tijolo de cerâmica fria e desalmada. Raçinha sem dó essa dos poetas, acham sempre que são sinceros, mas Pessoa já avisara descontente: “Fingem tão completamente, que chegam a fingir que é dor a dor que deveras sentem.”

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O morbido e triste eu...

O mórbido e triste eu...

Como posso dizer ao amor
O sopro de dor que no coração carrego?
Moribundo, arrastado, nesse corpo devorador.
Marchando para a morte – o aconchego.

Não quero mais em teus olhos ver jorrar
Lágrimas que te feri; sonhos a te quebrar.
Noites acesas; o teu corpo cansar.
Enxergar algo ruim vindo me derrotar.

Aprendi quanto o teu beijo desejo.
Quanto o teu cheiro me enfeitiça.
Quanto o meu peito clama, Rainha!

Perdoe-me pelos meus erros, tão embriagados.
Perdoe-me por não dizer o que há em meu coração.
Perdoe-me por não ter expressado, de certo, a minha paixão.

( Ismael Júnior, 08/11/2005).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Oh! Que triste esse coração meu.
Por motivo não sei, por natureza, talvez.
Vendo por uma amargura quase demolidora,
Sob pena de um demasiado fundo de desesperança.

Sendo apenas a lembrança do abominável escurecer,
Que envolve as amalgamas do pesar atrócito.
Do pensamento mórbido dissolvido no calor da lua,
Ou na frieza da escuridão. Tanta sordidez...

Vai! Vai batendo os passos a estalos abomináveis,
Mas como marca passo, arca até a ferida,
Onde no seu movimento acelera a decadência do ser,
Simplesmente por natureza viva; morta; mortiz;

Atroz; sórdido; pelos tantos meios o coração não teria
Discernimento capaz de avassalar até mesmo
O sentimento de dor; por ser maior e demonstrar,

Mesmo na solidão, a unidade não ultrapassa
A palidez da batida dolorosa que poderia passar
O corpo em que esse coração tenta a todas as noites
Estourar os limites da batida que a dor possa carregar.

(Ismael Júnior, 21/06/08).

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sentenças

“Do tempo em que andei gritando de dor,
Meu coração esvaneceu-se na solidão,
Minha mente sucumbiu à tristeza e morri cravado ao chão.”

Pensamentos fugiram; minha visão? Ah, meus meus olhos banharam-se com o negrume do esquecimento. Já disseram que os poetas, assim como os mortos, enxergam no escuro, mas nunca falaram que esses, deferente daqueles, morrem por um sentimento; por um abandono.

“ Meus gritos nunca foram ouvidos, já meus sussurros páiram no tempo como se fossem as propriedades eternas da matéria.”

Pútrido!

Corri meus olhos pelo fim, lá só encontrei o imenso abismo que dá no Nada. Afinal de contas, o Nada é fim de alguma coisa? Há limites para o Nada? Honestamente, no fim deveria haver uma prateleira, assim como nos super-mercados. Nessa prateleira ficaria exposto tudo aquilo que poderíamos escolher para vivermos nossa eternidade. Só seremos eternos apartir do momento em que criarmos conciência de que no fim só há o Nada. É impossível passar do Nada para alguma coisa, afinal de contas o Nada está no limite do fim.

Deixo bem claro aqui, que fui até o Nada e comprovei que ao contrário do fim o Nada não tem limite, mas delimita seu antecessor.

SENTENÇAS
Limite do fim? Nada!
Fim do nada? ...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Começo + Meio + Fim = Fumaça


Eram sete e meia da manhã quando despertei de um sono muito pesado, tão pesado quanto uma placa de conreto de uma tonelada, que como se estivesse em cima de minhas costas, não me permitiu nem sonhar.


Dia raro nessa época do ano aqui por essas bandas. O sol brilhou estonteantemente e embriagou meus olhos ao tocá-los.


Acordei com um pensamento firme: Hoje minha vida muda. Olhei o céu novamente e havia poucas nuvens, mais parecia que alguém flutuava pelos ares fumando um grande cigarro ou que algum avião , correndo sérios riscos de cair, rasgara o horizonte tossindo fumaça de seu motor arruinado. Apesar de minha motivação inicial, pensei logo comigo: O dia começou em fumaça.


Ainda sonolento me encaminhei ao banheiro com intenção de banhar-me, no meio do caminho ouvi na tv uma notícia sobre uma familia que vinha sendo mantida como refém por dois homens. É estranho como as pessoas tem a capacidade de serem tão más com seus semelhantes.


Banhei-me, ou melhor, fui cortado por lâminas de água tão frias que me despertaram como se eu fosse um simples aparelho eletrônico com um botão de LIGA/DESLIGA.


Tomado banho, cheiroso, parti para cumprir o primeiro passo desse novo dia em minha vida; fui ao posto médico, onde me receitei contra uma falta de ar que vem me assolando a alguns dias. Tenho a impressão de que as mulheres que trabalham na recepção do posto cometeram algum crime e como pena foram forçadas a receber os enfermos, porque suas caras esquálidas de defunto e a frieza com que tratam as pessias dão a entender que ali encontrarão a morte e não a saúde. Apesar dos pesares voltei pra casa medicado e me sentindo muito melhor.


Respirando bem melhor, cheguei em casa e tomei outro banho. Agora pretendia ir até o centro comercial para entregar alguns curriculos e conferir uns cursos.


A preguiça sempre foi um problema sério pra mim, mas minha determinação hoje estava diferente. Me aprontei pra sair novamente, passei perfume, vesti uma calça nova, uma camisa leve por causa do calor que fazia aquela hora e...desisti. Não por preguiça, mas me faltava dinheiro pro transporte. Frustrado e chateado, fui ver Televisão, coisa que faço impulsivamente todos os dias, em um jornaç qualquer continuavam a falar sobre a familia sequestrada. Terrível.


Coçando a barriga, como um bom ocioso, imaginei logo que poderia tornar diferente aquele dia e fui embusca de algo para fazer. Novamente frustrei-me com minha incapacidade de resistir ao canto desta sereia feiticeira chamada preguiça. Dormi um sono incessante até o meio da tarde. Quando despertei, xinguei-me com os piores palavrões que conheço. Estúpido foi um deles.


É noite e estou na varanda lendo, na sala, a tv ligada em algum jornal continua a mostrar a familia, agora livre, que fora seuqestrada; ao lado a vela paga a promessa feita por minha vó, chora lágrimas de cera e, como está se apagando, cospe no ar uma fina camada de fumaça. Pensei novamente comigo: o dia também termina em fumaça.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008


"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázioOu flecha de cravos que propagam fogo;Te amo como se amam certas coisas obscuras,Secretamente, entre a sombra e a alma.Te amo como a planta que não floresce eLeva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.E graças a teu amor, vive oculto em meuCorpo o apertado aroma que ascende da terra.Te amo sem saber como, nem quando, nem ondeTe amo diretamente sem problemas nem orgulho;Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha,Tão perto que se fecham teus olhos comMeu sonho..."

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sabe aqueles dias que passam como se fossem um ônibus cheio que anda devagar para não capotar? Pois é, dias assim nos macgucam sem dó nem piedade. Isso porque nós idiotas, ficamos com o "auto-castigation" ligado durante as intermináveis 24 horas do dia.

É um amor mal resolvido, é um desejo platônico, muitas coisas podem ser motivo pra um dia como esses. Um ser humano aí, uma vez me disse que o bom da vida é se divertir, eu também acho isso. Mesmo nas derrotas há sempre algo que nós vamos, logo após a partida relembrar com algum alegria, mesmo que seja minima. Bom, todos nós temos um dia de EMO, afinal os sentimentos nos torna seres vivos e pensantes. Esta éa diferença que separ o Homo sapiens dos animais.

Outro dia eu estava passeando pelo orkut, quando então encontrei numa comunidade alguns site de postêres de filme poloneses, esse é um deles. Expressivo não? Achei legal, me faz lembrar de alguns dias conoturbados que vivi a algum tempo atrás. Enfim...http://www.cinemaposter.com/
É só clicar e conferir.

terça-feira, 1 de abril de 2008

O Hábito de morrer

Cidadãos e cidadãs de todo o mundo, eis a morte! Seria estranho ouvir isso da boca de um político, vocês não acham? E qual seria a melhor forma de aplacar um terror iminente de morte? A duas semanas atrás, o interior do estado de Sergipe vivia dias de pânico, pânico esse causado por um sujeito de apenas dezessete anos de idade, muita coragem, esperteza e ousadia. Será que ele queria ser uma espécie de "Neo Lampião"? Bom, provavelmente ele queria apenas se divertir e sair ileso de todos os crimes que cometera. Seu apelido, um tanto quanto hilário, é "Pipita". Nascido no município de Tomar de Geru, ele simplesmente tocou terror em todos os moradores do interior da boa terra. Assaltou, estuprou várias mulheres, fez simplesmente o que quis e o que bem entendeu. A polícia foi noticiada de seus crimes em Agosto passado, segundo foi dito pela prefeita daquela cidade: " Em agosto de 2007, quando o denunciei a secretária de segurança publica, ele já tinha estuprado 8 mulheres aqui na cidade". Segundo ela, não foi dada a devida importância ao caso e o Neo Lampião, intocado em meio a mata, sequestrou, matou e aterrorizou Sergipe. O fato interessante disso tudo, é que rolaram boatos por todo estado que diziam que a polícia queria matá-lo e não prendê-lo. Xiiiiii! onde está a ética policial?

No fim do caso ele realmente foi morto, logo após ter sido "foiceado" por um agricultor, que com medo do meliante passou a foice sem dó.O cidadão ainda conseguiu fugir, mas a polícia o encontrou mais adiante e ele foi morto logo após uma troca de tiros com os policiais. É meus caros amigos, se não fosse a ação desse pobre homem, provavelmente, até hoje pipita estaria à solta por aí, embrenhado no meio do mato.

Logo depois a sua morte, muito foi dito sobre o caso, mas o fato é que ninguém sabe ao certo o porquê dessas atitudes que ele tomava. Seu corpo logo foi encaminhado para o IML, de lá ele voltou pra Tomar do Geru, para ser enterrado. Aí está o cômico, a cidade simplesmente parou pra ver o enterro daquele que eles não queriam nem ver pintado de ouro. Foi realmente um "acontecimento" na cidade.

O interessante de se ver esse caso, é que geralmente, pelo que se sabe, as pessoas que vivem no interior tendem a serem muito mais religiosas e conservadoras. Isso seria mais uma consequência da banalização da violência que vem ocorrendo no país nos últimos anos? Provavelmente sim, pois, todos os dias a televisão nos bombardeia com um trilhão de noticías sobre morte por assassinatos, sobre o tráfico de drogas, volência no trânsito, etc.

Onde estão os bons costumes, e a moral por onde anda? Pipita era apenas um adolescente e causou tanto estrago. Bom, seguem, por parte da imprensa, o bombardeio de noticias e de declarações sobre o caso, as pessoas se vêem aliviadas com a morte de Pipita. Criou-se o Hábito de morte, no estado de Sergipe.